terça-feira, 26 de janeiro de 2010

UTOPIA DA COMUNICAÇÃO

Parafraseando Norbert Wiener, “o projecto utópico que se articula em torno da comunicação é ambicioso”, desenvolvendo-se sob três níveis: uma sociedade ideal, uma outra definição antropológica do homem e uma promoção da comunicação como valor. Esses três níveis concentram-se em torno do tema do homem novo, que é considerado Homo communicans.
O Homo communicans é considerado pelo autor “um ser sem interior e sem corpo, que vive numa sociedade sem segredos; um ser totalmente voltado para o social, que só existe através da troca e da informação, numa sociedade tornada transparente graças às novas "máquinas de comunicação"”.
As novas concepções de “novo homem” articulam-se em torno de dois princípios:
- Qualquer ser que comunique com um certo nível de complexidade é digno de ver reconhecida sua existência enquanto ser social;
- Não é o corpo biológico que funda essa existência social mas, antes, a natureza "informacional" do ser em questão.
De um certo modo, não há mais "ser humano" mas, ao contrário, "seres sociais", inteiramente definidos pelas suas capacidades de comunicar socialmente.
Nasce assim um novo conceito de humanidade e, paralelamente a esse novo conceito de humanidade, nascerá o tema de uma nova sociedade onde, como dizia Wiener, "a comunicação deve ter a extensão que ela merece: a de fenómeno central".
Trata-se de uma nova visão do político que irá constituir a base de uma verdadeira alternativa às ideologias políticas tradicionais, na medida em que ela é uma utopia sem inimigo. Esse ponto é essencial ao moderno dispositivo da comunicação e, sem dúvida, explica parcialmente o seu sucesso.

Pela primeira vez desde que o princípio da utopia se pôs a agir, imagina-se uma sociedade nova cuja construção não requer uma purificação prévia, porque os seus princípios de funcionamento não são o antagonismo e o conflito mas a comunicação e o consenso racional.

Toda a gente, sem excepção, faz parte da sociedade da comunicação, porque o seu vigor reside justamente na sua capacidade de liberar as forças comunicacionais que residem no seu seio. Provém do facto de comunicar, do simples facto de comunicar o mais altivamente possível, a liberação, por parte da sociedade, pelo menos da ameaça de sucumbir de maneira imediata num vasto naufrágio entrópico.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Contextos ou Níveis de Comunicação

Comunicação Interpessoal
Comunicação Grupal






Interpessoal e Grupal_blog







Comunicação Organizacional



Comunicação de Massas

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Perspectiva Histórica da Evolução da Comunicação/Educação (Jean Cloutier)


A comunicação, segundo Jean Cloutier, é uma actividade evolutiva porque cumulativa, pois cada novo meio junta-se aos outros e os emergentes não servem para eliminar os já existentes. A comunicação não é um acto isolado e gratuito, mas obedece a determinadas funções de informação, educação, animação e distração. A comunicação é ainda um processo cujos processos são dinâmicos.
Na sua opinião, a história da relação entre o homem e os meios de comunicação pode dividir-se em quatro etapas que se sobrepõem:
1ª Etapa: Comunicação interpessoal _A família;
2ª Etapa: Comunicação de elite _A Escola;
3ª Etapa: Comunicação de massa _A Escola Paralela;
4ª Etapa: Comunicação individual _Auto-Educação.





A primeira etapa, a da “comunicação interpessoal” em que o homem tem no seu corpo o único medium de se expressar através do gesto e da palavra. O homem é ao mesmo tempo homo faber e homo loquens. Nasce a chamada cultura oral em que o principal registo se baseia na memória.
 Posteriormente e ainda neste período, nasce a actividade iconográfica cujos registos chegaram aos nossos dias com as pinturas e gravuras do paleolítico (homo pictor), correspondendo assim a um pensamento simbolizante e abstracto.
 Esta nova competência evoluirá para a escrita. Nesta fase, os ensinamentos processam-se de pai para filho, do mais velho para o mais novo, do patriarca para outros elementos do clã (família). É um ensino acumulativo que, ao contrário dos animais irracionais, evolui e torna-se complexo de acordo com as descobertas de novas técnicas surgidas do manuseamento diário dos materiais. . Os interlocutores tinham que partilhar o mesmo espaço e temporalidade.


A escola instituição só aparece como organização e sistema na segunda etapa denominada a dacomunicação de elite”.
A grande revolução, aqui verificada, dá-se com a utilização da “escrita fonética” que origina a linguagem “scriptovisual”, uma mistura da componente da escrita manuscrita com muita informação visual. Aparece pela primeira vez um medium que é suporte móvel, pois permite vencer a distância no espaço e no tempo – começa por ser a placa da argila, mais tarde surge o manuscrito e a seguir a um longo percurso chegou-se ao papel.


Esta nova forma de comunicação brota em civilizações sedentárias, urbanizadas, com uma economia desenvolvida, principalmente, o sector comercial, de estratificação social evoluída, com necessidade de expansão, possuindo técnicas de marear evoluídas. Os seus povos sentem o imperativo de uma forma de comunicar que seja móvel, que vença o espaço e o tempo, que sirva aos seus propósitos economicistas de comercializar produtos e de produzir matérias primas para satisfação das necessidades básicas das populações.



Esta competência de registo – a escrita - é um conhecimento especializado, com regras que não são acessíveis a todos. Isto leva à formação de uma elite (os escribas) que domina os processos e que vai subindo na estrutura social, dominando-a e hierarquizando as suas estruturas. Constituía-se como um instrumento de poder e controlo das populações, quer por parte do estado, quer por parte das instituições religiosas. Somente na era Iluminista se começaram a desenvolver alguns esforços para que a leitura fizesse parte da escolarização universal, a par da leitura e da matemática. 

A comunicação de elites é uma característica da instituição escola que ainda hoje parece resistir a todas as pressões de mudança e evolução. Profundamente conservadora, a escola mantém como pilar a desigualdade entre o professor e o aluno. Se durante muito tempo as elites sociais mantiveram o poder fazendo uso de uma escola a que só alguns tinham acesso, hoje procuram perpetuar a sua autoridade, condicionando fortemente as possibilidades de sucesso dos outros elementos do colectivo social.

Se o homem conseguiu que a sua mensagem ultrapassasse o espaço e o tempo ao transformar em signos gravados a mensagem, com a invenção da imprensa venceu também a unicidade da sua obra. A amplificação permitirá a multiplicação das suas comunicações. Com o nascimento dos mass media, passa a existir, designada por Cloutier, a comunicação de massa que representa a terceira etapa da  comunicação.
 
Embora a imprensa tenha nascido na China no século II, é Gutemberg no século XV que dá início a este período dominado pelos mass media, que se desenvolve com o iluminismo e a revolução francesa, mas atinge o apogeu na segunda metade do século XIX com o período da comercialização em massa de jornais a um preço reduzido e ao alcance de todos.
A Bíblia foi o primeiro livro que no Ocidente se imprimiu. A data dos primeiros exemplares é de 1456, só dois séculos depois se publicam os primeiros jornais.
As invenções do telégrafo eléctrico (1837 por Samuel Morse) e do telefone (1876 por Graham Bell) consubstanciaram a mobilidade e a rapidez da comunicação envolvendo o mundo numa autêntica teia de informação. Seguiu-se o cinema dos irmãos Lumière em 1895, o rádio por Marconi, em 1896, a televisão, em 1927 pelo russo Zworykin que se consumou nas primeiras emissões regulares em 1936 em Inglaterra e França.
Perfila-se um novo paradigma social, para além da vontade de comunicar, é
necessário ter acesso aos meios. A hegemonia da escola como principal fonte do saber é posta em causa. Surge a denominada escola paralela caracterizada por aquilo a que alguns autores chamam currículo oculto que é o que os alunos aprendem nas suas vivências. Esta nova realidade pressupõe uma alteração no papel da escola tendo em atenção os media.
Esta etapa caracteriza-se pela omnipresença da comunicação universal, a Imprensa, rádio, televisão e outros, são a expressão material da vontade humana de dizer mais a mais gente – são imensas as pesquisas que mostram a influência, nomeadamente da Televisão, na vida da escola, particularmente através dos alunos, mas de forma crescente em todos os outros elementos das diferentes comunidades educativas.
A educação pelos media, com os media e para os media, são novas dimensões que se juntam ao acto educativo. A educação para os media consiste na própria discussão epistemológica dos media, cujo objectivo essencial é tanto o de esclarecer as vantagens e desvantagens, como o de apurar o sentido crítico para a validade das mensagens que veiculam.
A escola paralela desenvolveu, entre outros, dois movimentos:
·         substituição da escola pelas novas tecnologias defendida principalmente por Ivan
·         complementaridade, que defende a educação permanente e a instituição escolar que não pode viver em concorrência com a não escola, mas as duas são complementares.  
A quarta etapa comunicativa, segundo Cloutier, é o da “comunicação individual” e decorre dapossibilidade de ter acesso a mensagens sempre disponíveis e a capacidade de se exprimir sempre que quiser com os self media.
 “Emerec é o ponto de partida e o ponto de chegada da comunicação. Já não é apenas informado, ele próprio informa e se informa: Já não é o estudante que frequenta cursos durante alguns anos da sua vida, é o auto-educando da educação permanente”.  
Este episódio é, de uma maneira geral, simultâneo à comunicação de massas. Alguns dos media que fazem parte deste episódio são: a fotografia, os suportes e equipamentos de gravação de som e imagem, a reprografia, o computador e a Internet.
Para Babin, na mesma linha, a da influência dos self-media na educação, refere que a personalidade dos nossos jovens é caracterizada pela sensibilidade e pela intelectualidade sensitiva. A percepção pelos sentidos é a primeira etapa do conhecimento. Passar desta primeira impressão ao percebido é a tarefa da escola e o papel principal para o professor. A auto-educação é a principal função destes media.
Neste modelo o professor ganha mais espaço para exercer uma função mais formativa.
Um novo paradigma educacional surge o saber é um projecto em construção

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Epistemologia da Comunicação

Conceitos de Entropia, Ruído, Redundância
Distinção entre Informação e Comunicação


Entropia


Um professor ao “ instalar o caos”, a dúvida, a incerteza, provocando a discussão, partindo do fim para o princípio, usando a entropia, chega ao conhecimento. O partir do empírico para o científico. Os alunos gostam de um professor que os surpreenda, que traga novidades, que utilize a entropia, que seja imprevisível, que varie as suas técnicas e métodos de organizar o processo de ensino - aprendizagem.



Ruído

É preciso muito cuidado para evitar ruídos na comunicação, ou seja, é necessário reconhecer os elementos que podem complicar ou impedir o perfeito entendimento das mensagens. Por exemplo, às vezes, uma pessoa fala e a outra não entende exactamente o que foi dito. Ou, então, tendo em vista a subjectividade presente na mensagem, muitas vezes, o emissor tem uma compreensão diferente da que foi captada pelo receptor. Além dessas dificuldades, existem outras que interferem no processo de comunicação, entre elas, as barreiras tecnológicas, psicológicas e de linguagem. Essas barreiras são verdadeiros ruídos na comunicação.



Redundância

O processo educativo é possível graças à capacidade comunicativa do professor, ou seja, educar é transmitir/comunicar informação/conhecimento a outro. Quando em ambiente de sala de aula, constatamos que o docente recorre inúmeras vezes à superabundância de palavras e à utilização de gestos e expressões corporais que visam reforçar o discurso oral. É também através do pleonasmo da linguagem que irá ser passada a mensagem aos alunos.


Informação vs Comunicação

A transmissão da informação – comunicação – pode assumir diversos contornos. Podemos comunicar verbalmente, podemos utilizar linguagem gestual, podemos simplesmente comunicar através de uma expressão facial, etc. O que importa reter é que o acto de comunicar importa uma determinada carga de informação e pressupõe uma troca entre um emissor e um receptor.